Você expõe seus filhos nas redes sociais? Cuidado: "sharenting"!
Você já ouviu falar em 'sharenting'? É a prática de pais compartilharem excessivamente fotos e informações de seus filhos nas redes sociais. Embora comum, essa exposição pode impactar a privacidade e o bem-estar das crianças. Saiba mais sobre os riscos e a importância do consentimento dos pequenos antes de postar!
PROTEÇÃO DE DADOS E PRIVACIDADESEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Daniel Azevedo de Oliveira Maia
9/2/20242 min ler
“Mãe, já falámos sobre isto. Não podes postar nada sem o meu consentimento!” - essa foi a frase dita por Apple Martin, filha da atriz Gwyneth Paltrow e do cantor Chris Martin (Coldplay), após sua mãe ter compartilhado uma foto de ambas em uma estação de esqui.
Você sabia que a prática de expor excessivamente os filhos nas redes sociais é conhecida como "sharenting", nome oriundo da junção das palavras "share" (compartilhar) + "parenting" (parentalidade)? "Sharenting" também deriva do termo "Oversharing", que significa o excesso de postagem de informações pessoais em diversas plataformas.
Com o avanço desenfreado da Era Digital, a massificação da Internet e o desenvolvimento da Sociedade da Informação, tornou-se hábito da maioria dos usuários de mídias sociais o compartilhamento de suas rotinas, incluindo-se afazeres domésticos, atividades profissionais e principalmente seus hobbies e momentos de lazer. Não raro, pais e mães também costumam produzir conteúdo nas redes sociais envolvendo seus filhos, algo que vem se popularizando a cada dia. Segundo estatísticas publicadas pela empresa AVG, com pesquisa realizada em 10 países, 3 de cada 4 crianças com menos de 2 anos têm fotos publicadas online. Porém, há que se ter bastante cautela, não apenas no que diz respeito à segurança, mas também à privacidade e ao bem estar psicológico das crianças.
Segundo pesquisa realizada pela BBC, mais de 1 em 4 crianças se sentem envergonhadas, ansiosas ou preocupadas quando os pais publicam fotos e vídeos a seu respeito. A partir do momento em que se pode constatar um grau aceitável de percepção do mundo pela criança, devem os pais ensiná-las sobre privacidade, sempre levando em consideração o seu consentimento na publicação de determinado conteúdo. A percepção da criança sobre o que deve ser tornado público ou não é de extrema relevância, algo que deve ser esclarecido desde cedo.
Penso que os pais devem tomar as seguintes precauções:
1) Não postar fotos e vídeos em mídias sociais que desagradem ou envergonhem a criança, levando-se em conta a sua própria concepção de "belo" e "feio" (evita-se a ocorrência de cyberbullying - assédio virtual) e, ainda que não haja discernimento, deve-se ter em mente o que o filho pode pensar daquela exposição daqui a alguns anos;
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2) Não postar fotos e vídeos que revelem alguma rotina específica (ex.: ida à escola - almoço no restaurante "x" - prática desportiva na escolinha de futebol "y"). Deve-se ter bastante cuidado em publicar dados da criança que, correlacionados, possam criar um padrão e, com isso, identificá-la (evita-se a investidas de pedófilos e criminosos virtuais);
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3) Evitar fazer "check-in" em locais, quando estiver com a criança;
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4) Não postar fotos e vídeos que revelem intimidade (ex.: fotos tomando banho, ainda que com o uso de tarjas);
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5) Caso decida publicar alguma foto e/ou vídeo, tornar o perfil privado, restrito apenas àqueles com quem possui maior grau de confiança. No Instagram, permitir que apenas "melhores amigos" possam visualizar o conteúdo;
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6) Só compartilhar imagens de outras crianças com a permissão de seus pais;
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Por fim, lembro que a LGPD prevê que o tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse.